A educação é um dos investimentos mais importantes que uma pessoa pode fazer ao longo da vida. No entanto, os custos com mensalidades em faculdades, cursos técnicos e até mesmo especializações podem ser altos e, muitas vezes, inacessíveis para grande parte da população. Nesse contexto, o financiamento estudantil se apresenta como uma alternativa para viabilizar o sonho de uma formação de qualidade.
Se você deseja ingressar no ensino superior ou continuar os estudos, mas está preocupado com os custos, este artigo completo vai te ajudar a entender:
-
O que é e como funciona o financiamento estudantil
-
Quais são as principais opções disponíveis no Brasil
-
Como escolher a melhor alternativa para o seu perfil
-
Dicas essenciais para não se endividar
-
E os cuidados ao contratar um financiamento educacional
1. O que é financiamento estudantil?
Financiamento estudantil é uma forma de crédito em que o estudante obtém recursos para pagar a mensalidade de sua instituição de ensino, com pagamento parcelado a longo prazo — geralmente com início após a formatura ou com carência durante o curso.
Existem tanto programas públicos quanto privados, e cada um possui regras próprias em relação a:
-
Juros
-
Carência
-
Tempo de pagamento
-
Requisitos de renda
-
Instituições parceiras
A grande vantagem é que ele permite estudar agora e pagar depois, tornando o ensino superior mais acessível.
2. Principais opções de financiamento estudantil no Brasil
A) FIES – Fundo de Financiamento Estudantil
O FIES é o programa oficial do governo federal, destinado a estudantes de baixa renda.
Características:
-
Juros zero para estudantes com renda familiar de até 3 salários mínimos per capita
-
Parcelamento do valor total após a conclusão do curso
-
Carência de até 18 meses após a formatura
-
Necessário ter feito o ENEM com nota mínima exigida
-
Instituições e cursos precisam ser credenciados no programa
Vantagens:
-
Baixo custo
-
Apoio governamental
-
Pagamento facilitado no longo prazo
Desvantagens:
-
Burocracia no processo seletivo
-
Exige bom desempenho no ENEM
-
Vagas limitadas e concorridas
B) P-FIES – Programa de Financiamento Estudantil Privado
Paralelo ao FIES tradicional, o P-FIES é operado por instituições financeiras privadas, mas com apoio do governo.
Características:
-
Juros definidos pelos bancos parceiros
-
Carência e prazos variam conforme o contrato
-
Não há garantia de juros zero
-
Também exige participação no ENEM
Ideal para:
Quem não se enquadra no FIES tradicional, mas ainda busca financiamento com alguma regulação pública.
C) Financiamento Privado com Bancos
Diversos bancos oferecem linhas de crédito educacional, que funcionam de forma semelhante ao FIES, porém com regras comerciais.
Bancos e instituições que oferecem:
-
Bradesco Universitário
-
Santander Universidades
-
Itaú (programas em parceria com instituições)
-
Fundacred (em parceria com faculdades)
Características:
-
Juros variáveis
-
Possibilidade de contratação direta com a instituição de ensino
-
Regras mais flexíveis em alguns casos
-
Menor burocracia que o FIES
Pontos de atenção:
-
Juros podem ser maiores
-
Recomendado analisar o Custo Efetivo Total (CET)
D) Crédito universitário das próprias faculdades
Muitas faculdades oferecem programas de crédito próprios, com parcelamento da mensalidade ou pagamento após a conclusão do curso.
Exemplos:
-
Pravaler
-
CREDIES
-
Prouni Interno (não confundir com o Prouni do governo)
Vantagens:
-
Processos mais simples
-
Aprovação direta com a instituição
-
Flexibilidade de pagamento
Dica:
Converse com o setor financeiro da faculdade para saber se há convênios ou condições especiais para o seu perfil.
3. Como escolher a melhor opção de financiamento?
Avalie os seguintes pontos:
✅ 1. Taxa de juros
Compare os juros entre FIES, bancos e opções privadas. Um pequeno percentual pode fazer grande diferença no valor final.
✅ 2. Condições de pagamento
Verifique:
-
Tempo de carência
-
Número de parcelas
-
Prazo para quitação total
-
Possibilidade de amortização antecipada
✅ 3. Custo Efetivo Total (CET)
Mais importante que a taxa de juros é o CET, que considera todos os encargos, seguros e taxas embutidas no contrato.
✅ 4. Credibilidade da instituição
Pesquise se a financeira ou banco tem boa reputação e suporte ao cliente. Consulte sites como Reclame Aqui.
✅ 5. Compatibilidade com o seu orçamento
Mesmo que o pagamento comece após a formatura, pense se o valor da dívida será viável no futuro, considerando sua provável renda.
4. Dicas para contratar financiamento estudantil com segurança
a) Evite comprometer mais do que 20% da renda futura
Se possível, faça uma simulação do valor das parcelas futuras em relação à sua profissão.
b) Leia todo o contrato com atenção
Verifique cláusulas como:
-
Multa por atraso
-
Juros por inadimplência
-
Cobrança de taxas adicionais
-
Regras de desistência ou cancelamento do curso
c) Programe sua vida financeira
Use planilhas, aplicativos ou consultorias da própria faculdade para entender o impacto do financiamento.
d) Converse com outros alunos financiados
Trocar experiências pode revelar pontos positivos ou negativos que não estão no contrato.
e) Use o financiamento como ponte, não como muleta
O financiamento pode ser uma solução temporária. Busque meios de estágio, bolsas, monitorias ou renda extra para quitar parte das mensalidades se possível.
5. FIES ou financiamento privado: qual é melhor?
Depende do seu perfil.
Critério | FIES | Financiamento Privado |
---|---|---|
Renda exigida | Até 3 salários mínimos | Variável |
Juros | Zero ou muito baixos | Entre 1% e 3% ao mês (média) |
ENEM | Obrigatório | Nem sempre exigido |
Burocracia | Alta | Menor |
Flexibilidade | Média | Alta |
Faculdades atendidas | Limitado a instituições credenciadas | Mais opções |
Dica final: Se você se encaixa nas exigências do FIES, ele costuma ser mais vantajoso financeiramente. Mas se não, os financiamentos privados ainda são boas alternativas — desde que bem planejados.
6. Alternativas ao financiamento estudantil
Antes de optar por um empréstimo, veja outras formas de custear seus estudos:
Bolsas de estudo
-
Prouni (governo federal): bolsas integrais e parciais com base no ENEM
-
Bolsas internas das instituições
-
Bolsas por mérito, pesquisa ou esportes
Estágio remunerado
Ajudam a pagar parte da mensalidade e ainda oferecem experiência profissional.
Monitoria e iniciação científica
Muitos cursos oferecem incentivos para alunos que participam dessas atividades.
Cursos EAD ou híbridos
Geralmente, o valor da mensalidade é menor do que o ensino presencial.
7. Cuidado com o endividamento
Financiar os estudos é um passo importante, mas requer responsabilidade. Não transforme um investimento em dívida impagável.
Atenção:
-
Evite usar o financiamento para cursos com alta inadimplência ou baixa empregabilidade
-
Planeje-se para começar a pagar mesmo que demore a conseguir emprego
-
Fique atento às mudanças de taxa e aos encargos cobrados na renovação do contrato
Considerações finais
O financiamento estudantil pode ser a chave para transformar vidas por meio da educação. Ele abre portas para quem sonha com uma graduação, mas não tem condições de pagar o curso integralmente no presente.
No entanto, como todo crédito, ele deve ser usado com consciência, planejamento e responsabilidade. Compare opções, leia os contratos, calcule os custos de longo prazo e avalie sua realidade e seus objetivos profissionais.
A boa notícia é que existem diversas opções disponíveis no Brasil, tanto públicas quanto privadas, e é totalmente possível encontrar uma alternativa que se encaixe no seu perfil — e no seu bolso.